01/12/2016

Economia derrete e crescem pressões por corte de juros

A economia brasileira registrou, entre julho e setembro, o sétimo trimestre consecutivo de queda

A economia brasileira registrou, entre julho e setembro, o sétimo trimestre consecutivo de queda, tornando ainda mais evidente a dificuldade de o país sair da atual recessão, uma das mais longas da história. O Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre, divulgado ontem pelo IBGE, encolheu 0,8% em relação ao segundo, o dobro do recuo observado entre abril e junho. Desde o primeiro trimestre de 2014, o PIB acumula retração de 8,4% e não há sinais de que a crise tenha arrefecido. Os primeiros indicadores disponíveis apontam continuidade da tendência de retração da indústria, o que faz com que bancos e consultorias passem a considerar otimista uma alta de 1% do PIB no ano que vem, projeção oficial do governo. O Bradesco, por exemplo, cortou sua estimativa de alta de 1% para 0,3%.

Diante do quadro recessivo e do recuo da inflação nos últimos meses, analistas defendem que o Banco Central acelere o processo de redução da taxa básica de juros (Selic). Mas o Comitê de Política Monetária (Copom) optou, na reunião de ontem, mais uma vez pela cautela, ao fazer novo corte de 0,25 ponto percentual, fixando a Selic em 13,75% ao ano. Apesar disso, sinalizou que deve ampliar o ritmo na próxima reunião, em janeiro. No comunicado do Copom divulgado ontem, a projeção de inflação para 2018 está em torno de 4,6% no cenário de mercado. Isto significa que, pela primeira vez em muito tempo, a trajetória dos juros esperada pelos analistas é compatível com o cumprimento da meta em 2018.

Os economistas do mercado esperam cinco cortes consecutivos de 0,5 ponto percentual na taxa Selic a partir de janeiro, seguidos de outras duas reduções de 0,25 ponto. Com isso, a taxa básica encerraria 2017 em 10,75% ao ano. Condições monetárias mais frouxas contribuiriam para agilizar o processo de redução do endividamento do setor privado, apontado como uma das razões para a lentidão na recuperação da atividade. "Acredito, com os dados disponíveis sobre as expectativas, que existiria espaço para queda mais veloz da taxa. Isso significaria redução do custo de capital, de um lado, e uma facilitação desse processo de renegociação de dívidas e de desalavancagem de famílias e empresas", diz o economista Carlos Antonio Rocca, diretor do Centro de Estudos do Ibmec. 

(Tainara Machado, Sérgio Lamucci, Camilla Veras Mota e Alex Ribeiro - Valor Online)

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